Apesar de 2020 ter sido um ano marcado por muitos incidentes, posso considerar que para mim foi um ano bom e desafiador. Por diversos motivos, realizei minha primeira viagem de vários dias sozinha, segurei uma cobra, venci o medo de pilotar uma moto, saltei de Bungee jumping a uma altura de 150 metros e finalmente realizei meu primeiro Trekking em uma montanha.
E como destino, escolhi um dos considerados mais difíceis, da região do Sul do Brasil, taxado como desafiador por se tratar de um caminho com muitas subidas íngremes, pedras, longo percurso e trechos em meio a mata fechada e travessias de rios.
O local se chama Serra do Realengo, localizado em Morro Grande/SC.
O desafio maior pra mim, seria o fato de ser meu primeiro Trekking em uma montanha, já havia realizado da Ferrovia do Trigo em 2017 porém em um caminho sem subidas.
O Desafio do Realengo foi planejado desde início de agosto, onde já comecei a preparar meus equipamentos e preparar meu psicológico. Mesmo sendo ativa em trilhas, sabia que teria muita dificuldade em realizar o trecho com a mochila cargueira. Vi vários relatos do trecho e diversas formas de arrumar a mochila, sendo minimalista e levando apenas o necessário.
Chegado o dia, mochila pronta, carona ok, parti para o local. Na pesagem da mochila constava um peso de 14,5 quilos, e eu muito nervosa. Percorremos em media 3km na caçamba de um trator, e após o desafio iniciava-se. Começamos nosso trekking a partir do conhecido Rancho, e desde ponto seria aproximadamente 11km até o ponto final.
Ajustei a mochila e dei sequência, nos primeiros km o percurso lembrava muito a conhecida travessia do Rio do Boi por apresentar diversas ultrapassagens em rio, logo o pé já estava molhado de cara. Ao longo do caminho as dificuldades foram aumentando, nas primeiras subidas, eu respirava fundo e continuava pensando em não desistir de forma alguma. Pensava não estar tão preparada, mas ao longo do caminho fui me surpreendendo comigo mesmo.
O grupo que tinha cerca de 20 pessoas, se ajudava muito, paramos diversas vezes, e no momento das paradas tirávamos a mochila, bebíamos água e beliscávamos alguma coisa.
Levei Carb-UP Gel (gel de rápida absorção) e dois bastões de caminhada, o que sem dúvidas me fez subir e não desistir. Pois o percurso na reta final conta com muito desnível e terreno acidentado, pedras, mata fechada e lamaçal em alguns pontos, optei por focar no topo e não parar. Chegando no tão sonhado Platô da montanha, com uma média de tempo 05:30 minutos (considerado pelos guias um tempo muito bom) nos deparamos com neblina e um chuvisqueiro, os guias foram coletar água para passarmos a noite (utilizamos Clorin – tornar água potável) e nos direcionaram para o local do acampamento, deu o tempo de montar a barraca e desabou água. Nesse tempo tomei um café , ouvi música, li partes de um livro digital, fiz a janta, tomei um vinho, gravei alguns depoimentos para registro pessoal e dormi.
A noite foi sem dúvida, uma das mais frias, meu saco de dormir não deu conta, muito menos minha manta – saiba mais sobre trilhas no inverno. As 05:40 já estava abrindo a barraca para acompanhar o nascer do sol, não tinha chuva mas a neblina já começava a surgir novamente, preparei uma omelete é um café preto e aguardei. Porém não tivemos um nascer do Sol aberto, quem estava acordado nesse horário ainda conseguiu algum registro da Serra do Realengo, pois em média 30 min depois não se via mais nada. Desmontamos acampamento e saímos a caminho dos pontos conhecidos como Cabeça do Urso e Garganta do Diabo, a cabeça do urso não foi possível ver e realizar registros e a garganta do Diabo havia pouca visibilidade, porém paramos e fotografamos. Iniciamos a descida, para mim mais fácil, estava apenas muito lisa, eu mesmo caí duas vezes. Mas concluímos com uma média de 4:30 minutos. Chegando no rancho o trator no aguardava, mas eu me sentia tão bem e sem dor que ainda disse pra algumas pessoas dava pra fazer esses 3km facinho.
Como considerações finais , posso dizer que superei, foi cansativo mais prazeroso, infelizmente não consegui ter a visão de tudo, porém o registro e memórias que ficam pra mim é que se realmente acreditamos, conseguiremos realizar. E minha dica final, os bastões de caminhada foram, sim, fundamental para minha vitória!
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Bom Jesus – Terra do Tropeirismo
Sobre o autor:
Ritieli Melo, coordenador da Top Trip Adventure.