Nova Petrópolis, na Região das Hortênsias, detém os títulos Jardim da Serra Gaúcha, Capital Nacional do Cooperativismo e, mais recentemente, Cidade Internacional do Folclore. Atributos que indicam uma cidade rica em atrativos, independente do gosto do visitante.
Trata-se da cidade de colonização alemã situada mais ao norte do Rio Grande do Sul, onde o belo Rio Caí forma uma divisa natural com a colônia italiana. Nos primórdios, as terras de Nova Petrópolis iam além do rio, chegando às primeiras estâncias dos Campos de Cima da Serra. Ao sul, originalmente, a divisa era o Rio Cadeia, cujas margens hoje são o município de Picada Café.
Esta era a constituição territorial básica da Colônia Provincial de Nova Petrópolis na data de sua fundação, no dia 7 de setembro de 1858. O nome e a própria data são homenagens à autoridade que autorizou o projeto, sua majestade D. Pedro II.
O projeto para essa vasta área de terras era claro: a colonização germânica voltada à agricultura. O que hoje é o centro, na época era chamado de Stadtplatz. Uma vila minúscula, onde se destacava um grande e rústico galpão de madeira, oferecido como moradia temporária aos colonos quando estes chegavam ao lugar, até que pudessem se estabelecer em definitivo em suas terras. Naquela época a Alemanha ainda não era um país e os imigrantes eram oriundos de estados germânicos como a Pomerânia, Saxônia, Renânia e Boêmia (Império Austro-Húngaro).
Um erro de avaliação quanto à navegabilidade dos rios Caí e Cadeia, somado à dificuldade de se abrir estradas, fez com que muitos imigrantes optassem por outras regiões. Os primeiros moradores de Nova Petrópolis sofreram com o isolamento. O famoso padre suíço Theodor Amstad (guarde bem este nome!) inclusive produziu relatos valiosos sobre suas aventuras viajando no lombo de um burro. Com este meio de transporte ele superava os difíceis terrenos de matas, montanhas e vales.
O interior passou a ser mais povoado quando estradas começaram a ser abertas (a mais importante, até o porto fluvial de São Sebastião do Caí, até onde o rio era navegável por embarcações médias). Mas o centro ainda ficaria reduzido por décadas. Nova Petrópolis tornou-se distrito de São Sebastião do Caí em 1875 e emancipou-se em 1955, quando o Stadtplatz começou a ganhar aspectos urbanos.
NOVA PETRÓPOLIS
Assim formou-se a Nova Petrópolis que conhecemos hoje: um município com ampla área rural, com propriedades ainda 100% ocupadas pela agricultura familiar e que dividem espaço com paisagens naturais de beleza ímpar.
Caso do Monte Malakoff, magnífica formação rochosa em Linha Brasil que recebeu este nome dos colonos que moravam na margem oposta do Rio Caí. Visto de lá, o paredão de pedras se parecia com um forte russo chamado Malakoff, lembrado da época das guerras napoleônicas.
Em outra localidade próxima ao Rio Caí fica o Ninho das Águias, um parque municipal com rampas de voo livre. Só pelo nome já é possível subentender a lindíssima paisagem que se tem lá de cima, incluindo, é claro, o rio.
O vasto território rural e as muitas belezas naturais fazem de Nova Petrópolis um lugar perfeito para práticas como caminhadas e ciclismo. Opções de trajeto existem em abundância.
CULTURA, EVENTOS E HISTÓRIA
A importância que os primeiros colonizadores deram à cultura e à vida comunitária foi determinante para que hoje a cidade tenha dezenas de corais, além de diversos grupos de danças folclóricas e bandinhas típicas.
Tais manifestações culturais podem ser vistas em inúmeros eventos comunitários ao longo do ano, mas especialmente no Festival Internacional de Folclore, o principal evento do calendário municipal, entre julho e agosto.
E se o assunto é grandes eventos, destaque também para o Festimalha, a maior feira de malha tricô do sul do Brasil, que recebe o frio reunindo a produção das diversas malharias existentes na cidade.
Com o Festival da Primavera – Frühlingsfest, o município dá boas vindas a essa estação honrando o seu título mais importante, oriundo da tradição dos alemães em cuidar muito bem dos seus jardins. A melhor representação disso é o Labirinto Verde, um dos atrativos turísticos mais conhecidos da Serra Gaúcha.
Já o Festival Sabores da Colônia, em junho, coloca sobre a mesa o melhor da produção colonial, com as delícias fabricadas nas agroindústrias. Trata-se de uma tendência recente da zona rural de Nova Petrópolis, na qual parte da produção rural é transformada em geleias, salames, linguiças, queijos, sucos, cucas, pães, biscoitos e muito mais.
Tanta riqueza cultural e histórica está muito bem representada nos mais de dez museus e memoriais da cidade, alguns deles com visitação gratuita. Há ainda ótimos parques para visitação, tais como o Parque Aldeia do Imigrante, no centro, e o Esculturas Parque Pedras do Silêncio, em Linha Brasil.
Em Linha Imperial fica a praça Theodor Amstad, em homenagem ao padre suíço que, com suas andanças e ações, reuniu os agricultores que, em 1902, fundaram a primeira cooperativa de crédito da América Latina. Daí surgiu o Sicredi.
E acredite: tem muito mais para ser contado sobre Nova Petrópolis: o Pinheiro Multissecular, as cervejarias artesanais, os roteiros autoguiados, a Torre Medieval… O que você já sabe e o que ainda pode descobrir são o motivo de sua próxima visita a Nova Petrópolis, município localizado no coração da Rota Romântica e que é um dos destinos da Top.
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Sobre o autor:
Texto e fotos de Francis Jonas Limberger, morador de Nova Petrópolis, jornalista e entusiasta de caminhadas.