Não há pessoa que não se encante por uma linda ponte antiga. As pontes antigas da serra gaúcha foram construídas sempre com muito esforço para ligar localidades separadas por rios, fomentando o comércio e o desenvolvimento dos lugares.
Quando caminhamos pelo interior e nos deparamos com estas construções sempre nos passa pela cabeça a história (ou histórias) contidas naquela estrutura, como o material chegou lá, como foi erguida e por quem.
Neste artigo vamos contar algumas histórias de pontes bastante importantes e de outras menos conhecidas da serra do Rio Grande do Sul, confere ai!
Ponte dos Korff
Patrimônio Histórico do RS, esta foi a primeira ponte construída sobre o rio das Antas. Inaugurada em 1907, liga Caxias do Sul (distrito de Criúva) à Campestre da Serra (distrito de São Manoel). Quando foi construída a localidade pertencia à Vacaria e era a única ligação entre essa região antes da construção da BR-116.
Passagem de tropeiros desde antigamente, essa ponte tem 108m de altura e cerca de 20m de comprimento. Foi erguida com material vindo da Alemanha que chegou ao porto de Rio Grande, carregado por cargueiros até o Passo dos Korff.
Sua estrutura metálica não possui parafusos, apenas rebites. Seus pilares de pedras e assoalho de madeira dão a sustentação para a passagem. A manutenção da ponte é feita pelas duas prefeituras, e é bem visível que o lado que compreende à Campestre da Serra está muito melhor conservado. As madeiras do assoalho foram trocadas recentemente, enquanto que o lado caxiense encontra-se bastante deteriorado.
Trajeto até esta ponte é feito por estrada de chão em condições não muito boas de trafegar.
Ponte Getúlio Vargas ou Ponte de Ferro
Outra ponte sobre o rio das Antas. Principal ligação entre Farroupilha e Nova Roma do Sul esta ponte foi construída quando Getúlio Vargas era presidente do Estado do RS e teve seu início em 1928.
Concluída em 1930, ela seria inaugurada no dia 12 de outubro de 1930, mas um fato politico de grande importância antecipou e mudou o formato de sua inauguração. No mesmo ano estourou a revolução e a ponte acabou sendo inaugurada por 21 caminhões do exército que seguiriam ao centro do país (São Paulo) liderados por Benjamim Vargas (irmão de Getúlio).
O nome da ponte acabou não “pegando” (talvez por este fato), e hoje é conhecida apenas por Ponte de Ferro do rio das Antas.
Ela foi construída com barras de ferro fabricadas pela oficina da Viação Férrea do RS em Garibaldi. E para sua estrutura de pedras, uma pedreira de cada lado do rio foi usada para o material. Ela foi construída por cerca de 200 operários e possui uma altura de 22m .
A região que esta ponte está é cheia de atrativos naturais como cachoeiras e cânions. Ela é usada como base para o rafting que é feito no rio das Antas por empresas de aventura de Nova Roma do Sul. Cerca de 7km dela fica o Cachoeirão do Rio das Antas.
Para chegar nesta ponte a estrada é asfaltada em ambos os lados.
Ponte Rio 20
Esta ponte é bem menos conhecida que as duas anteriores citadas. Ela foi construída toda em pedra talhada a mão por moradores da região de Pinto Bandeira para facilitar o transporte de insumos e comércio com Antônio Prado e Vacaria.
Durante mais de 6 anos, de 1917 à 1924, os trabalhadores viram uma ponte nascer de pedra maciça com cerca de 3m de extensão e 4m de altura em formato de arco nascer e facilitar muito as suas vidas.
Hoje é muito comum passar pelo local e não se notar a ponte, mas olhares mais atentos exigem uma parada para apreciar esta bela obra e em dia quentes, se refrescar no Rio 20, que mais à frente irá desaguar no Rio das Antas.
Para chegar à esta ponte a estrada é de terra em condições médias de tráfego.
Ponte do Passo do Inferno
Situada no interior de Canela, esta ponte foi construída para facilitar a extração de madeira de araucária da região (hoje está proibido e é crime). O local era conhecido como Passador do Inferno, devido a dificuldade de atravessar o rio Caí no período de cheias (Setembro à Novembro).
Para chegar até esta ponte não é muito fácil ainda hoje. A estrada não é pavimentada e está em péssimas condições pelo transporte de grandes caminhões de toras de madeira de pinus e eucaliptus (na divisa com São Francisco de Paula).
A Ponte do Passo do Inferno foi construída entre 1932 e 1935 e assim como a Ponte dos Korff teve seu material metálico trazido da Alemanha e apenas montada no local. Ela possui duas colunas de pedra que fazem a sustentação, com assoalho de madeira também. Sua extensão é de 74m e capacidade de carga de 50 toneladas (o dobro da Ponte de Ferro de Nova Roma do Sul).
Junto à ponte existem várias cachoeiras em um Parque privado. Bem próximo também fica a Barragem do Passo do Inferno para produção de energia elétrica.
Ponte Major Nicoletti
Mais conhecida como Ponte do Raposo, é a ligação de Caxias do Sul (por Vila Oliva) com Gramado (Linha 15) e Canela. Esta ponte foi construída sob o rio Caí e era antiga rota de tropeiros.
Ela possui uma história semelhante a várias das citadas à cima. Seu material de aço veio também da Alemanha na década de 1930 e com estrutura de pedras foi montada no local. Ela está situada em um vale cercado por montanhas bastante altas, o que torna a chegada (e saída) um desafio até para veículos. Não aconselhado trafegar em períodos de chuva.
Em 1912 o Major Nicolletti Filho já havia sugerido a construção de uma ponte na localidade conhecida como Rapozo (com Z). Mas foi só com a chegada da linha férrea à Gramado que o projeto ganhou importância para transporte de madeira.
A ponte fica numa antiga rota de tropeiros que saiam de Santo Antônio da Patrulha, passando pela região das Hortências e seguiam em direção à Criúva, passando pela Ponte dos Korff para o centro do país.
Essa rota faz parte do Caminhos de Caravaggio, roteiro de peregrinação criado entre os santuários de Farroupilha e Canela. Saiba mais aqui.
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Sobre o autor:
Pablo Campozani, coordenador da Top Trip Adventure.